24.10.05

Fogo no Fliperama

Quando você não tem expectativa alguma sobre um show, aquela supresa de ir esperando nada e receber um espetáculo é uma maravilha. Mas ir esperando um show bom pra burro e receber um show bom pra burro também não é uma experiência nada ruim.

A Arcade Fire era o que eu mais queria assistir no Tim Festival (e no fim, foi a única atração que eu assisti do início ao fim) e apesar de cabisbaixo e nauseabundo por não ter podido dançar o funkão da M.I.A. por um problema de horário, fiquei absolutamente satisfeito com a minha programação frugal.

Há muito tempo que eu não via uma banda tão empolgada com a própria música, tão energética, tão satisfeita de tocar. O Arcade Fire é inquieto até na formação dos músicos, que trocam de instrumento a cada música, uma cirandinha com direito a um membro dedicado estritamente a tocar o terror no palco, batucando em qualquer coisa sólida o suficiente para tal, se pendurando nas estruturas metálicas, amarrando um dos membros da banda com um fio enquanto ele tentava tocar guitarra, coisas do tipo. Mas não era tipice, como parece, era uma coisa sincera, pelo menos pra mim pareceu. Era uma manifestação legítmia de roquenrouzisse. Eu não via nada assim desde o antológico show do Rapture a uns anos atrás.

Foi uma coisa nova, cheia de vida, uma força que ficou mais aparente ainda quando subiu a estrela da noite (em teoria), o Wilco. Fizeram um show competente, com todos aqueles clichês, mas inegavelmente de alta qualidade. Eu olhava para aquilo e não conseguia parar de ver uma mumificação em vida do indie rock, com direito a um vocalista que era a cara do Cauby. E olha que eu gosto do Wilco. Mas não deu pra aguentar o segundo ´obregadou!´ e acabei indo ver o show sentado na grama do lado de fora. Opa, perdão, não dava pra ver o show de lá.

Quem mandou ele não tocar ´Conceição´ quando eu pedi?

Enfim.

Viva o Roque.

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