31.1.06

De volta ao batente

Sim, estou de volta a submersa cidade do Rio de Janeiro. Infelizmente no Flickr vocês não vão encontrar fotos de eu tomando uma dura da Polícia Recifense só porque estava parado na frente de um bar ou da perseguição de 15 policiais a um maconheiro que se deu logo depois. Também não existe nenhuma foto da criança que chutou minha poltrona durante todo o trajeto ao Rio de Janeiro, muito menos nenhuma foto para provar que no saguão de desembarque eu dei de cara novamente com o elenco da peça 'Procura-se um namorado'. Mas que aconteceu, aconteceu.

25.1.06

TT em Recife IV

Uma imagem vale mais que mil palavras, e por causa desse clichê a saga TT em Recife foi transferida para o Flickr. Acompanhem aqui!

24.1.06

TT em Recife III

Ir até o pré-carnaval de Olinda é uma experiência antropológica obrigatória, apesar de eu não ser o tipo de pessoa que se diverte muito no meio de uma multidão de pré-foliões enlouquecidos. Mas recomendo, mesmo assim. Como eu só consigo pensar nas coisas em termos de comparação com a minha base de operações (a.k.a. Rio de Janeiro), deixa eu dizer: O pré-carnaval de Olinda é muito parecido com o carnaval em Santa Teresa, tendo sempre em vista que o governo daqui cuida bem melhor de seus bens culturais do que o carioca. Levei de lambuja uma amostra grátis da violência de Recife quando o carro em que eu fui para a festa foi arrombado e teve seu som roubado, o que me trouxe tenras lágrimas de saudade da terrinha aos olhos. Ah, os arrombamentos do Rio, que delícia.

Também fui apresentado a Galeria Joana D´arc, point dos moderninhos de Resifilis aonde se encontram lojinhas, restaurantes e bares transbordando hype por todos os lados. Muito atual, muito in, muito bonito, muito barato, não fecha as duas da manhã, enfim, morri de inveja.

22.1.06

TT em Recife II

Fatos aleatórios sobre Recife: Os pedintes são tão mal-educados que fazem qualquer similar carioca parecer um graduado na socila. O trote de entrada no vestibular para as moçoilas é ter um pedaço da sombrancelha raspada, o que elas escondem com um band-aid gigante na testa. Os tamanhos e padrões dos curativos devem esconder significados herméticos de hierarquia social, curso e classifição final na prova de admissão.

Fatos aleatórios arquitetônicos sobre Recife: Em algumas praias, como em Boa Viagem, você não pode tomar sol depois das quatro porque a sombra dos prédios enormes construídos na orla projetam uma sombra gigantesca na areia. A cidade também tem um cais do porto parcialmente inutilizado porque o mar em volta é muito raso para receber navios grandes. Apesar disso tudo, os prédios são bem mas bonitos e bem-cuidados do que na minha cidade natal, que geralmente tende a achar que as belezas naturais já se bastam.

O artista plástico mais celebrado de Recife é Francisco Brennand, obsecado por formas fálicas, ele decorou o ponto próximo ao marco zero da cidade com um pirocão de uns 30 metros de altura, coberto por padrões que lembram veias e com pequenas minhoquinhas saindo do seu tronco, como uma doença venérea nos doloros estágios finais. Dento do corpo cavernoso, aberto a visitação, você pode descobrir que apesar de toda a imponência, o pirocão só tem um testículo. Ao redor dele você pode encontrar outras esculturas fálicas e alguns ovos amontoados em pequenos grupos de dois um três. Aparentemente a obra causaou um bafafá tremendo na época da execução e a liga das senhoras do Santana organizou uma excursão até a cidade para queimar o artista com tochas, mas ficaram tão fascinadas com a pujança de sua obra máxima que voltaram correndo.

Mas não pense que a obsessão por motivos fálicos para em Brennand. Em um restaurante a beira-mar a poucos quilômetros do obelisco você pode encontrar nos utensílios de mesa mais simples uma referência a produção do artista, dessa vez, com um leve toque de influência semita.

Lembrete para os cariocas: Maneiro aqui significa ´de fácil manuseio, leve´ e obviamente, a gíria de orígem funkeira ´demorou´ não faz o menor sentido. Beware.

21.1.06

TT em Recife

Apesar de ter feito minha viagem com Eri Johnson e todo o elenco da peça ´Procura-se um Namorado´ e sentado ao lado de um vendedor da Herbalife, duas coisas que eu considero como mau agouros violentos, meu avião não caiu. Estou aqui são e salvo abusando da paciência da minha amiga Ana Quitéria e familia, que são todos muito amáveis e me obrigam a comer uma quantidade industrial de comida diariamente.

Aqui em Recife tudo é o maior do mundo. O marco zero é decorado por uma escultura fálica apelidado carinhosamente de Pirocão. Sem dúvida, é o maior pirocão do mundo. O povo aqui gosta muito de comer e beber e você tropeça em bares e restaurantes hypadinhos a cada esquina. Tem Olinda, que é um amálgama de Santa Teresa e Ouro preto (onde comi uma tapioca muito boa) o Recife Antigo, que é uma versão local da Lapa. Lá no Recife antigo tem a torre Malakoff, que apesar de só ter quatro andares é a maior do mundo. Também tem muitas pontes, mas ainda não conseguiram decidir qual delas é a maior do mundo. O assunto é um tabu e não deve ser mencionado em qualquer mesa de bar, sob o risco de briga violenta com utilização de peixeras.

Quer fotos? Pega no meu Flickr.

19.1.06

Em qualquer lugar, a qualquer hora


Na época em que seus pais, e não você, estavam gastando sua juventude trabalhando, em 90% dos casos o emprego deles era de 8 as 5 em empresas que usavam aquelas aterrorizantes máquinas de bater ponto. Crescemos reconhecendo essas geringonças como o símbolo de uma era ultrapassada, um dinosauro burocrático que servia para infernizar a vida dos trabalhadores, coisa que não duvido.

Graças a Deus hoje os tirânicos aparelhos foram abolidos. Hoje temos horários flexíveis e um suporte eletrônico que nos permitem trabalhar em qualquer lugar em qualquer hora. Qualquer um pode te achar e te fazer trabalhar no banheiro, em qualquer botequim infécto em uma madrugada animada, enquanto você anda na rua, joga uma pelada, brinca com seus filhos, vê tv sonolento, dorme confortavelmente no aconchego do seu lar.

Impulsionado por uma sociedade cujo objetivo final é arrecar mais e mais bagarotes, o teletrabalho é a criação mais assustadora e representativa dos últimos anos. O mundo é seu escritório agora, e qualquer hora é hora de trabalhar. O primeiro ping da máquina de ponto bate quando você abre os olhos pela manhã e o último, quando você desaba de sono de madrugada. Estamos livres da opressão burocrática do passado, dos chefes atarracados batendo com o dedo no relógio e fazendo beicinho, mas as fronteiras entre o seu tempo e o tempo do seu trabalho estão cada vez mais tênues. Mentira, elas não existem.

Ah, sim, antes que eu me esqueça: Estou tirando férias de uma semana em Recife. Rs.

16.1.06

São tantas emoções


Werther contempla a única solução viável para sua vida tão sofrida

Indies! Atenção! Está em cartaz na cidade uma nova montagem do livro de Goethe, 'O Sofrimento do Jovem Werther'! É a sua chance única de se sentir inteligente e descobrir mais um pouco sobre o primeiro indie da literatura mundial. Werther é tão sensível quanto o último disco do Weezer. Mais delicado que toda a obra do Belle e Sebastian. 'Fox in the snow'? Rá! Isso não é nada perto da dor de Werther, esmagado pela sua existência de pobre menino mimado com um amor não correspondido.

Quando eu for um velho realizado com a vida e tiver plantado um filho e escrito uma árvore, me dedicarei a parir um livro psicografado chamado 'Werther vai pro exército', a continuação do romance imortal de Goethe. Salvo no último segundo por um grupo de marines, Werther é enviado para um destacamento do exército no Texas. Lá, se torna alvo das torturas do sargento Lotte, que o proibe de ouvir radiohead e lhe estabefeia cada vez que uma lágrima pura rola pelo rosto rosado e adocidado pela melancolia do jovenzinho.

Ou isso ou 'Werther vai para um campo de concentração na Sibéria'. Ainda estou estudando as possibilidades comerciais.

13.1.06

Crescendo com o Justiceiro


Frank Castle atira a responsável por uma rede de sequestro e prostituição forçada de imigrantes européias contra um vidro inquebrável. Leitura para toda a família.

O irlândes Garth Ennis é com certeza o autor que entendeu melhor o personagem do Justiceiro e conseguiu criar uma versão paralela dele que habita o mesmo universo povoado de super-heróis coloridos da Marvel. O justiceiro de Ennis é um veterano do Vietnan com a idade equivalente, embrutecido e sociopata, que volta e meia se usa de táticas mais cruéis do que as dos criminosos que executa. Para esse justiceiro não há redenção. Frank Castle é a encarnação de um espírito vingador completamente amoral e sanguinolento.

Está sendo publicada na Marvel uma minisérie Justiceiro x Mercenário, aonde ele é representado como sua persona antiga. Um vingador urbano mais jovem, menos maluco, enfim, mais adequado aos tempos politicamente corretos que são a antítese do personagem, que tem suas raízes nos anos 70 de 'Desejo de Matar' e 'Dirty Harry'. Esse Castle ainda executa os criminosos, mas seguindo um certo código de honra e os abatendo com tiros genéricos pouco detalhados na área do abdomem.

Agora, me diz uma coisa. Você também acha estranho e um pouco assustador um pai escrever uma carta para a mini-série em questão pedindo uma volta do personagem em uma série mais light, PARA QUE SEUS FILHOS POSSAM COMEÇAR A AMAR O PERSONAGEM ENQUANTO AINDA SÃO CRIANÇAS?

Sabe, it builds character.